Eu recomeço, viajo, me esqueço. Eu entro em transe, ando, desapareço. Eu acordo, sonâmbula, em coma. Eu desisto, deito, durmo. Eu desapego, flutuo, fixo. Eu fico cega, mastigo meu castigo. Eu me silencio, grito, esperneio. Eu sinto, procuro, vejo. Eu me contradigo, minto, fujo. Eu penso, falo, escrevo. Eu apago, reflito, recomeço. Eu estava, estou, estarei. Eu quero, consigo, celebro.
Se vejo, sinto, contemplo. Se sinto, toco, acaricio. Se toco, sufoco meu fôlego e beijo.
Eu realizo, faço, refaço. Eu me orgulho, demonstro, me encanto. Eu me arrepio, no frio, toda noite. Eu sei, sempre soube, sempre. Eu cubro, descubro e acoberto. Eu me encolho, te acolho, te olho. Eu brinco, eu jogo, me divirto. Eu aprendo, desaprendo e finjo. Eu só acordo se escuto, se preciso. Eu conheci, cresci, aceitei. Eu ganhei, quebrei, colei. Eu já tinha, escondia, vivia. Eu encontrei, relembrei, finalizei. Eu finalmente, superei, suspirei.
Se sou, vivo, ajo. Se vivo, vou, alto. Se vou, te encontro, sempre.
Sinto ele se aproximando ao mesmo passo que o seu.
Não tenho como negar, correr, fugir. Eu me entrego, aceito, espero. Ele chega, você chega. Sinto o toque, a mente, o comando. E inesperado, é instintivo, é isto.
Arrepio sem vento. Acelero sem pressa. Aperto sem força.
Meu delírio, me mata, descomeço.