Todos os dias, desde aquele dia,
tomo um gole do seu amor. Isso é suficiente para me tirar do meu normal, para
me tirar do meu mau humor, para me tirar desse mundo.
Eu me deixo afogar numa taça
dessa bebida quente. Eu me embebedo com seus beijos. Não me importo se pareço ridícula
quando não consigo pronunciar uma palavra sequer que não seja o seu nome.
Degustamos nossas taças no escuro. O
mundo inteiro para e nós continuamos girando entre os lençóis, bebadamente
sincronizados, sem nenhuma linha reta para nos julgar.
Tudo o mais é desimportante, desinteressante, se estamos sós. Não
existem outros, não existem cômodos, não há mais nada além de dois corpos
embriagados ocupando o mesmo lugar no espaço.