segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Oi Sol


Eu estava andando por um praia num dia em que a maioria das pessoas prefeririam estar em casa em baixo de edredons. Entretida com as pegadas que eu deixava para trás e que ora as ondas apagavam ora a forte chuva apagava. Não pensava em nada específico, até porque nenhum pensamento se mantinha por muito tempo. Minha visão estava turva e isso se devia à chuva e às lágrimas. Eu agora imaginava se minha tristeza era visível e se alguém realmente se importava com o meu estado. Virei para frente e comecei a andar olhando onde eu pisava agora e, dessa vez, me concentrando na areia em meus pés, entre meus dedos... Toda a sensação...
Mas eu me sentia muito insegura andando assim.
E se eu perdesse uma pegada que ficou diferente ou que, magicamente, não se apagou com a água contínua?
Me virei e voltei a andar de costas olhando fixamente as marcas dos meus pés pequenos.

Até que em um momento algo me fez cair... Eu torci meu pé e me machuquei de forma que não conseguia me levantar sozinha. Meu choro se tornou mais alto, mas não haviam mais lágrimas no meu rosto dessa vez.
Meu coração chorava alto de dor... E não era por conta do meu pé.

Eu só queria alguém que pudesse ouvir os gritos do meu coração e nenhum louco iria sair naquela chuva para socorrer uma garota desconhecida que anda de costas, afinal... a culpa era minha por andar assim, certo?

Era tudo minha culpa... Será que alguém sofreu o que eu sofro por minha causa? Esse alguém não me perdoaria... Eu não me perdoaria...

Tentei me levantar e meu pé doeu mais ainda. Deitei na areia e deixei que a chuva lavasse meu rosto e que o mar molhasse meus pés. Minha esperança era que toda aquela água lavasse meu corpo e levasse minha tristeza.

Fechei meus olhos e estava pronta pra me levantar e esquecer que um dia eu caí, engolir a dor e o choro e levantar mais uma vez sabendo que mesmo com muita dor eu sobreviveria.

- Psiu! (risos)
- Levanta daí logo antes que você fique resfriada.
- Que diabos você tá fazendo aqui sozinha nessa chuva?
- Eu tô tentando te ligar a um tempão e você atende, cara.
- Não dá um susto desse na gente!

Sem pingos, sem dor, sem tristeza, sem solidão ou sofrimento. Agradeço à água ou a vocês?


Olhe de novo. Não há pegadas à sua frente. O que me diz?













- Oi Sol...

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