Eu não quero escrever sobre um sorriso que não se vê.
Não quero escrever sobre um rosto cabisbaixo.
Não quero escrever sobre olhos sem função,
Que não vêem a beleza de todas as manhãs
Não quero ouvir as mágoas ressoarem onde devia-se ouvir o canto.
Não quero ficar no canto ouvindo o nada, o silêncio de uma ala cheia no lado esquerdo do peito.
Não quero me deitar e não sonhar,
Nós somos sonhos concretizados e ainda temos muito a concretizar.
Não quero ter que escrever para seus olhos seguirem palavras apenas por elas serem opacas em um papel transparente.
Eu não quero escrever como se isso bastasse.
Não quero viver à margem de um rio com o desespero de reflexos fúteis e indesejados.
Quero a beira de um abismo, onde a adrenalina me faça acionar meus instintos,
Onde a presa esteja encurralada, e de onde nenhum de nós pode correr.
Quero escrever uma rota de fuga.
Quero testar meu limites.
Quero escrever a cor do vento.
Quero escrever até que os olhos se abram e coração leia,
Até que a boca seca não aguente recitar
E quando achar que irá fraquejar, a voz seja mais ouvida que os trovões.
Quero escrever a continuação de um arco-íris,
Porque nada para até onde vemos,
Porque o horizonte está adiante, assim como está atras e aos lados, acima e abaixo, na ponta do seu nariz e dentro da sua mente.
Quero a revolução das minhas letras!
Quero olhar o céu, o luar e descrever as estrelas.
Quero não parar até que me canse por completo.
Quero escrever o infinito do universo...
Porque meu limite não é a tinta da caneta.
Meu limite não é o momento.
Meu limite não se encontra.
Não se escreve.
Não existe.
Não quando a inspiração é cristalina como minha alma.
Não enquanto ainda houver o que escrever.