sábado, 9 de julho de 2011

Manhã


Era um lugar novo, nunca antes visitado por ela; e era tão linda a mágica do desconhecido para aqueles olhos, a tanto fechados e rodeados de amargura, que ela se perguntava se a beleza se devia ao ver ou à sua vontade de ver.

Aquele sentimento já a perseguia a algum tempo, desde o dia em que ele a encontrou. - Era uma tarde fria de inverno, mas o Sol brilhava entre as poucas nuvens do céu azul fraco. Seu cabelo cobria os olhos, e isso era um crime menor do que o da tristeza, que cobria por completo o seu sorriso. Ela nem sabia o que isso significava... o que será um ''sorriso''? E uma mão foi estendida. E ela se agarrou à essa mão; nunca teve nada antes a que se agarrar.

- Ah, quando será que eu vou saber o que isso significa?

Não era a primeira vez que perguntava isso, o cansaço nunca foi pário para a sua força de vontade. Esperava ouvir o mesmo de sempre ''A resposta está no que a faz questionar.'', mas dessa vez foi diferente.

- Breve.

Ao ouvir isso ela diminuiu a velocidade de seus passos até parar sob as frias sombras de uma árvore. 
A Lua cheia se despedia.
Enquanto dava mais dois ou três passos ele olhou para trás. 
O que havia em seus olhos de diferente? Tudo era novo e causava aquela sensação em algum lugar dentro dela. Ele dizia que era onde mesmo? Ah! Em sua Alma (mais uma vez o desconhecido...).

O que ela sentia causava uma coisa anormal em cada um dos seus movimentos. Sua face se contrairia por vontade de sua mente, como normalmente fazia quando se encontrava com algo de estranho, mas... a sua Alma... a deixava leve...
Sim, era estranho. 
Pela primeira vez ela não se importava com o estranho, não sentia medo ou vazio. Sentia-se leve como se pudesse sair voando para conhecer mais de perto cada ''desconhecido''. Gostava daquela sensação.

Havia retomado a caminhada sem nem mesmo perceber. A euforia a envolvia por completo, sentia a esperança (re)nascer e partir da sua Alma, por cada vaso sanguíneo, para preencher o vazio do seu pequeno corpo. Ela mesma acabara de (re)nascer.

Estava empolgada e curiosa. Mais do que qualquer ser que já vivera até aquele ponto. Ninguém conseguiria descrever o que ela sentia a cada passo que dava; simplesmente porque não havia como, não haviam palavras
Ela as criaria assim que descobrisse as respostas, assim que soubesse o que era aquilo; quando a explicação se revelasse e sua leveza pudesse ser, verdadeiramente, compreendida. Quando aquilo tudo acabasse e (re)começasse.

O momento se aproximava.

- Só mais alguns minutos. Não tire os olhos do horizonte. Esse é o meu presente.

As coisas estavam ficando mais claras. Os típicos sons de florestas a essa hora ecoavam em sua mente ao mesmo tempo em que a ansiedade deixava seus olhos bem abertos.

E de repente uma coisa brilhou.  Bem ali! Como assim? Você não vê? Está ali, na sua frente!
A coisa mais brilhante; a coisa mais bela; o personagem principal de toda manhã: o sorriso.
Começou como uma pequena fresta de luz, mas logo tomou conta de tudo. Toda a floresta comemorava o nascer de um novo sorriso.

Ela estava completamente maravilhada com o que via: uma enorme bola brilhante acenava para ela, que mal conseguia desgrudar os olhos daquela visão tão incrível. E quando, finalmente, ela olhou para o lado, se encontrou com os olhos dele.

Todas as perguntas e todas as respostas... o sentido surgiu como o conhecido Sol. Tudo se encaixava e sua leveza agora tinha nome.

Amor.

2 comentários:

  1. Caraaamba, me estremeci todo no final <.<
    kkkkk
    Muito bom \o/

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  2. Ain.. que bom que você gostou ><
    Eu adoreeei escrever isso, você nem tem noção!

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