segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Eternamente


Sou aventureira. Meu canto é o mundo. Sou fiel escudeira do vento e sua mutabilidade. Meu canto é liberdade. Meu amor é realidade. Minha realidade é fantasia. Minha fantasia é invisibilidade.

Sou canção surda. Sou visita distante. Sou agora em antiguidade. Sou passo silencioso sobre folhas de outono. Porque sou o despertar das estações. Sou disfarce de emoções. Viagem entre dimensões.

Sou a vida de quem sonha. Sou as fases, os planos e as canções. Meu sopro é sentimento. Minha dor é à prova de lágrimas. Meu saber é pouco. Meu tudo é pouco.

Sou infinito e bagunça. Sou o desabrochar de algo novo. Sou tudo de novo. Sou a expectativa do amanhecer. Sou o crescer da derrota e o sabor da vitória.

Sou de longe o que deveria ser. Sou de perto o que preciso ser. Sou ser e sentir. Meu sorriso é mensageiro. Meu olhar é calmaria. Minha raiva é o éter. E o meu gosto é impossível.

Sou a lentidão de um segundo. Sou a amargura do mel. Sou desastre no vácuo. Sou inexistente. Sou indiferente. Sou imprecisão.

Sou questão. Sou cifras. Sou perfume. Meu cobertor é relva. Meu pensamento é cina. Minha luz é relâmpago. Minha certeza é fraca. Meu devagar tem alcance. Meu toque é por acaso. Minha janela é para o universo. Meu jardim é galáxia.

Sou caminhar inconstante e minha condição é eternidade.

2 comentários:

  1. Devo ter lido esse umas cinco vezes pensando no que comentar. Poesia em prosa excelente a sua, as rimas deixaram tudo muito musical e belo. Meus parabéns mais uma vez.

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    1. Eu não me canso de ler esse, acho que vai se tornar o meu preferido. Obrigada mais uma vez.

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